Pesquisa mostra que apenas 69% das crianças carentes entre quatro e cinco anos de idade frequentam a escola
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostrou que apenas 69% das crianças entre quatro e cinco anos de idade de famílias com renda per capita de até ¼ de salário mínimo frequentavam a pré-escola. Embora o número não seja considerado baixo, a diferença está entre as crianças de famílias com rendimento superior a 1 salário mínimo per capita. Neste caso 89% estavam na escola. O estudo também mostra diferenças no acesso ao ensino médio e superior, conforme o rendimento familiar.
De acordo com Belmiro Valverde Jobim Castor, Presidente do Centro de Educação João Paulo II (CEJPII), escola que atende crianças carentes no município de Piraquara, na Grande Curitiba, é possível reverter esse índice com trabalho conjunto e esforço de todos. Este foi o caso do Centro, que foi fundado com a ajuda de empresários e parceiros. “A ideia de criar o João Paulo II surgiu com intuito de proporcionar um ensino gratuito e de qualidade para as crianças desse município, que é umas das regiões mais carentes da Grande Curitiba”, esclarece.
Para ele a iniciativa é uma experiência que tem dado certo e gerado bons frutos. “Recentemente recebemos o resultado do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) municipal, no qual a Escola Municipal Júlia Wanderlei, parceira do João Paulo II, atingiu o quarto maior índice do município”, comenta Castor.
O CEJPII atende os estudantes da escola municipal no programa de contraturno escolar, que oferece aulas de reforço escolar e atividades extracurriculares. “Isso demonstra o que o trabalho conjunto entre a educação pública e o voluntariado da sociedade civil organizada pode fazer para melhorar os padrões de educação”, avalia o presidente.
Segundo Castor o resultado do Pnad demonstra que as famílias com rendimento mais baixo ainda enfrentam problemas de acesso a escolas e creches. “Além disso, na faixa etária de quatro a cincos anos de idade ainda não é obrigatória a matrícula na pré-escola, o que contribui para o índice da pesquisa”, avalia.
O Projeto
O Centro de Educação João Paulo II atende cerca de 220 alunos carentes de 3 a 14 anos, com ensino integral das 8h às 16h30 na educação infantil (3 a 6 anos) e programa de contraturno de 4 horas diárias para estudantes da rede pública. Os alunos têm uma jornada escolar diária de mais de oito horas, a mesma dos países desenvolvidos e duas vezes maior do que a jornada comum nas escolas brasileiras. Os estudantes são selecionados pelo critério da renda familiar, ou seja, quanto menor a renda, maior a prioridade para a matrícula.
Na proposta de contraturno escolar os alunos recebem aulas de reforço de matemática e de português e aulas de inglês, espanhol e artes plásticas. Além disso, o Centro também oferece diversas atividades para que eles sintam vontade de frequentar a escola como oficinas de teatro, de música, de dança e esportes. As aulas de Karatê, por exemplo, são frequentadas por todos os alunos, que aprenderam a ter mais disciplina e respeitar o próximo.
Perfil do Centro Educacional João Paulo II
O Centro Educacional João Paulo II (CEJPII) foi criado em abril de 2010, por iniciativa do Professor Belmiro Valverde Jobim Castor, e atende crianças carentes de quatro a quinze anos de idade. O projeto, inédito no Paraná, oferece ensino gratuito e de qualidade, com atividades pedagógicas em período integral, assim como em países desenvolvidos. O CEJPII foi escolhido pela Universidade de Yale como um dos três projetos brasileiros para receber o apoio da instituição. O Centro Educacional é mantido por parceiros e voluntários, por meio de contribuições mensais. Mais informações pelo site www.joaopaulosegundo.org.br e pelos telefones (41) 3079-7810 e (41) 3018-9625.