Mais da metade dos estudantes brasileiros (55%) que cursam o 3.º ano do ensino fundamental não têm uma leitura adequada para a idade, um índice considerado alto por especialistas da área. Foi o que revelou um estudo realizado pela ONG Todos pela Educação. “Se o estudante não recebe um acompanhamento adequado no início, o problema tende a se agravar e pode comprometer os estudos no ensino médio e, em situações mais graves, até na fase adulta”, analisa Alexandra Lima, coordenadora pedagógica do Centro de Educação João Paulo II (CEJPII).
Ainda de acordo com a pesquisa, cerca de 25% das crianças avaliadas não conseguem identificar informações básicas em um texto. “Compreender um texto e identificar o tema que está sendo abordado é a principal dificuldade enfrentada pelos alunos do ensino fundamental. Esse problema afeta todo o processo de ensino, dificultando não somente a alfabetização, mas também o aprendizado em disciplinas como História, Geografia, Ciências e até mesmo Matemática”, avalia Alexandra.
Para Alexandra, o principal desafio da educação pública brasileira está justamente em melhorar a base do ensino. “É preciso investir fortemente nas séries iniciais, proporcionando capacitação aos profissionais e, principalmente, remunerando de forma adequada. Nossos professores precisam ser reconhecidos para que tenham motivação para enfrentar a dura rotina escolar brasileira”, constata.
De acordo com a coordenadora, para reverter esse quadro é preciso que toda a comunidade escolar esteja motivada e empenhada. “Não existe uma receita exata que se encaixe em todos os casos. É preciso avaliar as circunstâncias da escola, dos alunos e dos professores e, depois, traçar um planejamento efetivo do que será feito. Aqui no Centro, por exemplo, as aulas de reforços ajudam bastante os alunos com dificuldade. Mas antes de iniciar no sistema, o aluno passa por uma sondagem que detecta qual a principal dificuldade e recebe um apoio individual”, explica.